Mais um grande latifúndio é ocupado por trabalhadores no extremo sul da Bahia

Na madrugada desta sexta-feira (31/7), mais de 280 famílias Sem Terra ocuparam a Fazenda São Benedito, com mais de 1.500 hectares, em Córrego do Salo, pertencente a empresa do agronegócio J.U. Ungaro Agro Pastoril.


 
Com objetivo de denunciar as desigualdades que o agronegócio vem causando na região, os Sem Terra quebraram as correntes e cadeados que historicamente tem escravizado centenas de famílias.
 
A área era uma antiga plantação de café, que atualmente encontra-se abandonada. Não cumprindo sua função social.
 
Direitos Trabalhistas
 
A empresa, pertencente à família Ungaro, já possui diversos processos trabalhistas devido às práticas de abuso e exploração dos trabalhadores e trabalhadoras rurais na região.
 
Além disso, possui vários processos judiciais em diversas instâncias. As acusações são desde a má gestão dos negócios, à administração fraudulenta, por não honrar compromissos com credores diversos.

Abandono da plantação de Café
De acordo a Cláudia Viana, trabalhadora Sem Terra, a J.U. Ungaro possui um largo histórico de violação aos direitos trabalhistas.
 
“Sem oportunidades de trabalho na região tive que trabalhar por um período na J.U. e, na ocasião, presenciei diversos casos de violação aos direitos dos trabalhadores. Exemplo disso, era a jornada laboral que ultrapassava as 8 horas diárias. E o horário do almoço era de apenas 30 minutos”, declara Viana.
 
Histórico
 
Essa é a segunda área dessa empresa ocupada pelas famílias Sem Terra. A primeira foi em 2014, onde 1.200 mulheres romperam as cercas do latifúndio.
 
Atualmente, nesta área ocupada, vivem mais de 160 famílias produzindo alimentos saudáveis que são fornecidos nas feiras dos municípios de Itamaraju e Teixeira de Freitas.

1° Assembléia após ocupação
De acordo a Evanildo Costa, da direção estadual, as famílias Sem Terra neste ano de 2015 estão sendo protagonistas no enfrentamento as contradições sociais e violações aos direitos humanos praticados pelas empresas do agronegócio.
 
“São mais de 40 ocupações nos grandes latifúndios existentes na Bahia. Nove delas foram no Extremo Sul. E, para esse mês de agosto, os Sem Terra em Jornada Nacional intensificam a luta contra o ajuste fiscal e o corte no orçamento”, afirmou Costa.
 
Na ocupação, sem data prevista de saída dos trabalhadores, os Sem Terra continuam lutando contra as desigualdades do modelo produtivo do agronegócio e aguardando uma resposta da justiça, diante das denuncias trabalhistas realizadas, e do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para dá inicio o processo de vistoria e desapropriação da área.