II Marcha contra o genocídio do Povo Negro mobiliza trabalhadores do campo e cidade

Por Wesley Lima
Fotos: Levante Popular da Juventude e Ismael Silva

Os gritos exigindo o fim das mortes, violências e impunidades contra o povo negro ecoaram por toda a Salvador na “II Marcha (Inter) Nacional contra o Genocídio do Povo Negro” realizada nesta ultima sexta-feira (22). 

Reunindo trabalhadores ligados a diversas organizações sociais do campo e da cidade a marcha protagonizou a luta contra o racismo e a morte de diversos negros e negros espalhadas por todo o Brasil.

Reafirmando esta pauta, o MST se fez presente nas ruas vestindo preto e trazendo na cabeça o boné vermelho do movimento enfatizando o debate da Reforma Agrária e solidarizando-se com o processo de luta do movimento negro no estado.

Para a Direção Estadual do MST “o processo de luta se constrói coletivamente diante das diversas demandas e pautas que estão compondo a base da sociedade. Pensar e articular espaços que possibilitam a unificação das lutas é um dos objetivos traçados pelo Movimento neste período histórico”.

Campanha

A mobilização faz parte da campanha “Reaja ou será Morta. Reaja ou será Morto!” que realiza ações no combate ao racismo e traz em suas demandas centrais a luta contra o genocídio do povo negro em curso. É uma campanha coordenada por negras e negros para negras e negros em luta contra o processo de violências, brutalidades e mortes que tem assolado o país.

Andreia Silva do movimento negro em Salvador afirma que “lutar por dignidade é pouco, precisamos nos unir quanto classe, nos empoderar politicamente e construir avanços significativos na luta contra o racismo”.

Princípios da Marcha

Norteando todo o processo de luta, a marcha trouxe enraizada em sua construção alguns princípios, dentre eles temos: o reconhecimento e o respeito à autonomia histórica da mulher negra na sociedade; a construção de uma ação política independente e centrada na luta contra o racismo e o genocídio; protagonizar a organização nas comunidades, favelas, prisões, nos quilombos, aldeias, fábricas, terreiros de candomblé, casas de batuque e nas ruas; 



Profundamente indignada, Jurimar do Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB) afirma que este estado não a representa, já que aos negros é negado o valor a vida dentro de um contexto de mortes e impunidades cometidas muitas vezes pelo próprio poder que deveria garantir a segurança pública.

Dados

Em 2008 os dados apontaram que jovens negros tinham 138% mais chances de serem abordados pela polícia de maneira violenta quando comparados com jovens brancos na mesma faixa etária. Pesquisas apontam também que 99% das vítimas de grupos de extermínio na Bahia são negras e a Organização das Nações Unidas (ONU) confirma o aumento de 500% de mortes executadas por esses grupos de extermínios no Estado nos últimos 20 anos. 



De acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA) a população negra apresenta os piores índices no que diz respeito ao acesso à Saúde, Educação, Trabalho e Renda.

Avaliando todo processo de construção e consolidação das luta contra o genocídio, Marcão U. Kão do grupo de Rap DMN acredita que “fizemos uma grande, vigorosa e ampla articulação pelo país, articulando movimentos sociais, coletivos, agremiações e grupos com a palavra de ordem ‘vamos tomar nossa voz de volta’. Nosso grito e nossas ações de rua repercutiram internacionalmente e hoje tocamos de forma autônoma e independente uma Marcha Internacional, com comitês espalhados por todos os continentes, em mais de 20 países”.