“Para mim, o MST simboliza liberdade”


Com 18 anos de luta pela terra, a trabalhadora Sem Terra Creuza da Conceição, aos 49 anos, relembra os principais episódios de sua vida e a simbologia do MST para a construção de uma sociedade emancipada. 

Ela conta sua história durante ocupação à Secretaria de Planejamento (Seplan), que fortalece a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária e mobiliza mais de 4 mil Sem Terra na capital baiana.

Moradora do Assentamento Limoeiro, localizado no município de Igrapiúna, baixo sul baiano, Creuza fala das dificuldades enfrentadas assim que conhece o Movimento e sua inserção no processo organizativo.

“Conheci o movimento através da história de um vizinho que era perseguido por um fazendeiro, provocando uma grande revolta coletiva. Com isso, diversas pessoas se organizaram para ocupar as terras desse fazendeiro, já que também estavam improdutivas”, explica. 

Creuza diz que foi um grande grupo de trabalhadores Sem Terra que ocuparam a fazenda, porém o acampamento montado nas terras do latifúndio ainda era pequeno e a ofensiva a partir de ameaças era grande. 

“Sempre tivemos o sonho de uma vida melhor e para isso resistimos”.

“De lá pra cá, está acontecendo melhoras”

Após alguns anos acampada, as famílias recebem a emissão posse o que garantiu maior qualidade de vida. “De lá pra cá, está acontecendo melhoras e meus filhos, que ainda estavam pequenos, já são maiores de idade”, destaca. 

“A gente continua sempre com a luta e sempre formando meus filhos, contando minha história dentro do MST e apontando as mudanças”.

“Nós ainda temos dificuldades, mas um prazer de estar dentro do Movimento ajudando outros companheiros e companheiras a conquistar seu pedaço de chão, nem se compara”, diz. 

“Hoje meus filhos estão formados e através do meu trabalho estou construindo os meus objetivos de vida. Continuo na luta e para mim, esta luta não vai acabar nunca. Estarei sempre em marcha pela Reforma Agrária”. 

“A luta não pode parar!”

O processo de luta possui uma representatividade muito grande para Creuza. Ela afirma que a coletividade, solidariedade e a liberdade são bases importantes para continuar em luta dentro do MST. 

Outro exemplo, que a motiva permanecer lutando, são as ofensivas do latifúndio com os trabalhadores do campo. “Eu nunca me esqueço quando os Sem Terra tombam nesta luta. É uma coisa que a gente sente muito, já que Eles não vão voltar mais. Aqueles que tombaram nos deixam marcas e isso também nos move a continuar lutando, já que a luta não para”.

“Lutamos todos juntos até final e morreremos também juntos”. 


Reforma Agrária Popular

Para Ela a reforma agrária precisa ser vista como prioridade e para isso, as mobilizações de milhares de Sem Terra é fundamental. 

“Precisamos transformar a nossa luta em direitos e por isso estamos mobilizados e rompendo as cercas do latifúndio. Para mim, o MST simboliza liberdade a partir da conquista da terra”, conclui.