Dirigente assassinado é enterrado e o MST exige justiça



O Dirigente do MST Fábio Santos da Silva, assassinado nesta terça (02) com 15 tiros por pistoleiros em Iguaí, região sudoeste da Bahia, foi enterrado no dia 03 com muita dor por toda a família, amigos e pelos companheiros e companheiras de luta.

O corpo começou a ser velado na Comunidade Rural Ribeirão das Flores e depois foi levado até a Câmara Municipal de Iguaí, onde toda a cidade pode acompanhar e compartilhar deste momento de luto de toda a família.

Saindo da Câmara Municipal a família, amigos e os militantes do MST realizaram uma marcha, junto com o corpo, até a saída da cidade. No percurso houve gritos de ordem e muitas músicas mostrando a indignação de todos ali com o ocorrido.

Esta caminhada teve o objetivo de estabelecer um dialogo com a sociedade no sentido de denunciar esta execução e exigir do poder judiciário local que a justiça seja feita e que os  assassinos  não fiquem impunes.

A direção do MST afirma que os militantes que atuam naquela região estão sofrendo ameaças contínuas no intuito de fragilizar a luta do Movimento, evitando assim novas ocupações e mobilizações.

Após a marcha o corpo foi levado novamente até a Comunidade Rural onde foi enterrado do lado de seus familiares já falecidos.

O Deputado Federal Valmir Assunção (PT-BA), afirma: “Quantas vezes os nossos camponeses e trabalhadores serão assassinados? É esse tipo de ação, com o uso da pistolagem, covarde e cruel, que estamos convivendo no campo brasileiro. Esse assassinato, com claros sinais de execução, não pode ficar impune.  Fábio, que inclusive foi candidato a vereador pelo PT da região, foi um grande lutador, companheiro e militante das causas sociais. Como todo militante do MST, queria ver a Reforma  Agrária ser concretizada”.

Ele conclui fazendo uma homenagem a Fábio, “Companheiro Fábio, aqui continuaremos tua luta. Solidarizo-me à família. Fábio, presente, presente, presente! O MST está de luto".

Histórico

Desde o ano de 2010 a partir de ocupações realizadas pelas famílias acampadas no Acampamento Mãe Terra, localizado na região, os militantes do MST que estavam atuando neste processo de luta começaram a sofrer ameaças dos latifundiários.

O MST diante das ameaças convocou uma reunião com a Ouvidoria Agrária. Desta forma, os militantes colocaram a situação ofensiva dos latifundiários contra a luta pela desapropriação de terras para fins de Reforma de Agrária, e nada foi feito.

Diante disto, ocorre esta fatalidade. O Dirigente Fábio Santos é assassinado e neste sentindo o MST no estado da Bahia exige justiça do poder judiciário. 

Violência no Campo

Este assassinato entra nos dados estáticos que relatam as mortes ocorridas no campo por conta dos conflitos de terra.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) foram registrados 29 assassinatos de trabalhadores rurais em conflitos no campo em 2011. Um número menor que no ano de 2010, quando foram assassinados 34 trabalhadores. Entretanto, houve um aumento de quase 178% no número de trabalhadores e trabalhadoras ameaçadas de morte.

Os dados demonstram que no campo, nos quatro primeiros meses do ano (2010), 12 trabalhadores foram assassinados em conflitos no campo. No mesmo período do ano de 2011, oito haviam sido mortos. Demonstrando assim que a violência continua e a impunidade diante dos assassinatos e ameaças persistem. Neste intuito de pesar e de indignação pelo ocorrido o MST divulgou uma nota no site do Movimento.