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Na última quinta-feira (22/10) cerca de 230 famílias Sem Terra sofreram um despejo violento no Acampamento Bruna Araújo, em Jucuruçu, no extremo sul da Bahia.
O acampamento estava localizado na Fazenda Pedra Redonda (1.300 ha), cujo proprietário é Ivan Santana que junto com o oficial de justiça do município autorizou seus funcionários a destruírem todos os barracos, pertences e a produção das famílias.
Anterior a esta ação truculenta, os Sem Terra realizaram um acordo com o proprietário e a Polícia Militar (PM), frente a ordem judicial de despejo, que as famílias sairiam do local sob a garantia de que seus pertences, barracos e lavouras não fossem destruídos. Tendo em vista, que naquele momento os Sem Terra ainda não teriam para aonde ir.
Porém, o acordo foi rompido e um trator invadiu o acampamento.
Compreendendo o ato como uma forma desumana e agressiva por parte do proprietário, os trabalhadores impediram a destruição de seus bens e em seguida, saíram do acampamento cumprindo a ordem judicial.
No momento, as famílias encontram-se acampadas próximo a fazenda.
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Conquistas
O Acampamento Bruna Araújo é fruto da Jornada Nacional de Lutas em defesa da Reforma Agrária, realizado no mês de abril deste ano, para dialogar com a sociedade sobre a concentração de terra e os altos índices de violência no campo.
Na ocasião, os Sem Terra denunciaram o abandono total da fazenda.
Dentro de seis meses, as famílias construíram barracos, ruas no acampamento, estradas, garantiram água potável e uma diversidade de produtos, como: milho, feijão, mandioca, verduras e temperos.
A produção era fornecida às feiras semanalmente em Jucuruçu e povoados vizinhos.
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| Plantio de hortaliças do coletivo de mulheres do Acampamento Bruna Araúja |
Além disso, as famílias já estavam organizando, com recursos próprios, a instalação de uma rede elétrica e a construção de uma escola para atender as crianças da educação infantil e fundamental 1.
Criminalização
Diante do ato de despejo, o MST denuncia, mais uma vez, os métodos de criminalização das lutas populares construídas contra a classe trabalhadora por grupos burgueses que estão no poder.
“Eles humilham e coagem as famílias. Criam fatos apoiados pelos grandes meios de comunicação, criminalizando a luta dos movimentos sociais e manipulando a opinião pública com verdades infundadas e acusações mentirosas”, afirma a coordenação do MST na Bahia.
Despejos na Bahia
Ação similar ocorreu no município de Itaberaba, na Chapada Diamantina, no dia 07 de outubro, onde uma retroescavadeira e um trator destruíram todos os pertences e produtos agrícolas das famílias, antes mesmo da PM apresentar a liminar de despejo.
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| Barracos e pertences dos Sem Terra foram destruídos durante despejo na Chapada Diamantina |
De acordo com a direção do Movimento na região, “existe um método desumano adotado pela justiça, construído junto com os fazendeiros da região, que desrespeitando o processo de diálogo, chegam nos acampamentos antes mesmo da PM acompanhados de retroescavadeiras para intimidar, provocar e humilhar as famílias acampadas”.
Em resposta a esta agressão, que deslegitima e infringi a construção das políticas em torno dos direitos humanos no Brasil, as famílias reocuparam o latifúndio nesta quarta-feira (28), após cumprir o prazo legal estabelecido pelo mandato judicial.




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