Educadores do norte da Bahia estudam os desafios da educação do campo

Os educadores e educadoras dos Assentamentos e Acampamentos do MST na região norte da Bahia realizaram entre os dias 01 e 03/7 o seu 12º encontro de estudo, debate e capacitação política em torno da Reforma Agrária Popular e Educação do Campo.

Mesa de Abertura do Encontro
 O encontro aconteceu no Assentamento Luiz Nunes, localizado em Casa Nova, e reuniu 100 educadores que trabalham com a educação infantil, de jovens e adultos.
 
Com uma programação repleta de atividades místicas, culturais e formativas, os educadores realizaram uma reflexão política do modelo de educação brasileiro, com ênfase na questão agrária e na luta popular pela democratização da terra.
 
Além destas questões, estudaram a educação do campo, sua trajetória na Bahia e o Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (ENERA).
 
Os educadores compreenderam as temáticas propostas como base política para debater de maneira mais ampla os desafios e as iniciativas educativas no campo.
 
Durante os três dias de encontro, aconteceu também oficinas que trabalharam com a construção identitária dos estudantes e seus desafios diante da ofensiva do capital. 
 

A coordenação do evento acredita que os educadores ocupam um espaço estratégico na formação política de sujeitos críticos e no fortalecimento da luta pela terra.
 
“Debater estes elementos são fundamentais para perceber o papel político que nossos educadores possuem na construção da identidade revolucionária e social dos estudantes”, enfatiza a coordenação.
 
Principais Desafios
 
Edileuza Alves, da Rede de Educação do Semi Árido Brasileiro (RESAB), pontua alguns desafios que os educadores possuem na construção de um modelo de educação popular, capaz de se contrapor a lógica tecnicista do capital.

Edileuza Gomes (RESAB)
 “Um dos desafios que temos é conseguir dissociar a proposta de formação que está na analogia do capital e a proposta de formação que está na perspectiva do projeto de sociedade que a gente defende. Neste sentido é preciso encarar e identificar quais são as armadilhas que estão nas formações propostas pelos setores públicos neste processo de adesão. Precisamos construir nossa autonomia intelectual”, explica Edileuza.

Ela aponta ainda outros grandes desafios, “precisamos saber como pegar um plano, que está na lógica do capital, e transferir ele para a proposta popular que nós temos. Outro desafio é lutar pelas políticas públicas que a gente conquistou articulando junto com o MST, para mantê-la com a configuração originária”.
 
Ciranda Infantil
 
A ciranda infantil foi garantida pela coordenação do encontro. No espaço foram realizadas diversas atividades lúdicas e recreativas, trabalhando os elementos da identidade Sem Terra. 

Para isso, a pintura e as rodas de canções abordaram a temática da educação do campo e o protagonismo dos Sem Terrinha na luta contra o fechamento das escolas.
 
Além disso, as crianças contribuíram com as místicas e ajudaram nas reflexões em torno da participação infantil nas lutas do MST e por uma educação contextualizada.

Ciranda Infantil
Para Paulo Cesar, da direção estadual do MST, o movimento é construído por todos e para todos. “Nossas crianças precisam participar de nossas lutas. A ciranda infantil é uma ferramenta de formação para que nossos futuros jovens possam ajudar a construir uma sociedade melhor”.
 
Já o Vereador de Juazeiro, Tiano Félix (PT) afirma que as atividades do encontro marcam um momento importante por possuir uma função transformadora.
 
“O MST propõe enfrentar as dificuldades e as desigualdades neste país. Usar a educação como ferramenta de transformação é estratégico para consolidar uma identidade militante”, conclui Félix.
 
Seguindo uma agenda de atividades, os educadores estarão participando ainda do Encontro Estadual de Educadores do MST na Bahia que será realizado no mês de agosto em Feira de Santana e do 2º ENERA, que acontecerá de 21 a 25 de setembro em Luziânia, Goiás.