Governador da Bahia se compromete com pauta entregue por Trabalhadores Sem Terra

Por Wesley Lima
Fotos: Manuela Hernandez

“Enquanto existe fome, enquanto existe guerra, o MST vai lutando pela Terra!”, foi com este grito de ondem que trabalhadores rurais de toda Bahia saíram em marcha neste ultimo sábado (10) reivindicando a desapropriação de terra e a implementação de um modelo agrário que reparta o chão para toda a sociedade.

Tendo como destino a governadoria do estado, os trabalhadores cruzaram o Centro Administrativo da Bahia (CAB) dialogando com a sociedade sobre a morosidade do estado diante da Reforma Agrária e na apuração dos diversos casos de violência no campo.

Esta ação é reflexo da entrega de uma pauta de reivindicações em diversos órgãos públicos, dentre eles: a Governadoria do Estado, o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Secretaria de Educação.

Intensificando assim este processo de negociação, a marcha acontecia paralelo a uma reunião com representações das regiões onde o MST esta organizado na Bahia com o Governador Jaques Wagner.

Diante das diversas demandas são abordados pontos dos anos anteriores, como o acesso a políticas públicas de convivência com seca, melhores infraestruturas para os assentados, reforma e construção de novas escolas no campo, já que nada andou.



Violência no Campo

Com foco no assassinato do militante Fábio Santos no dia 2 de abril de 2013, na cidade de Iguaí, os trabalhadores reivindicam também a apuração imediata do ocorrido.

Indignada com a falta de respostas dadas diante deste caso de violência, Mara Ribeiro da direção estadual do MST entende que o estado acaba se tornando um dos culpados, já que não tomam providencias e nem exigem respostas dos órgãos competentes.

Homenagens

Além de denunciar, cobrar e rememorar aqueles que tombaram na luta, esta atividade homenageou toda a classe trabalhadora com muitas músicas e gritos de ordem. 

Por estar à véspera do dia mães, Dona Eurides com 73 anos que participou da marcha, representou todas as mães neste ato, tendo suas experiências de vida relatadas e seu desejo de conquistar a terra.



Com muita alegria por estar em luta e cobrando do governo do estado, Ela declara “a única coisa que quero é um pedaço de chão para criar meus netos e tataranetos”.

Respostas

Em resposta as reivindicações dos camponeses, o superintendente do Incra Luiz Gugê afirmou que será criado um cronograma de visitas aos assentamentos e acampamentos de todo estado. 

O Governador Jaques Wagner, diante das demandas encaminhadas pelos trabalhadores se comprometeu em cumprir boa parte da pauta entregue, dando ênfase na construção e reforma de unidades escolares existentes na maioria das comunidades rurais.




Se comprometeu também em agilizar apuração do assassinato do militante Fábio Santos. “Afirmo a todos vocês que no máximo em 30 dias será apresentado um relatório final com o nome dos assassinos de Fábio e com certeza os mesmos serão presos”, enfatiza.

Além destas questões pautadas, o governador como em todos os anos reafirmou o compromisso de receber os trabalhadores. “Eu recebo os Sem Terra porque é minha obrigação atender os anseios da classe trabalhadora”.

Para Márcio Matos da direção estadual do MST, esta jornada de luta garantiu conquistas importantes para todos. 

“Cada conquista dada aqui é um passo a frente na luta pela Reforma Agrária em nosso país. Não podemos esquecer que estas conquistas são de todos os trabalhadores Sem Terra que marcharam de Camaçari a Salvador, enfrentando muito sol quente, chuva e noites mal dormidas”, destaca.

Terminando esta atividade os Sem Terra retornaram ao Incra, onde estavam acampados, e desocuparam o espaço voltando aos seus respectivos assentamentos e acampamentos.