Por Equipe de Comunicação do 12º Acampamento
Fotos: Klívia Gadêlha
No compasso da mística e da força do campo e das florestas é que na manhã desta segunda feira (17/03) ocorreu a abertura do 12º Acampamento das Mulheres Trabalhadoras Rurais da Bahia, no Parque de Exposição em Salvador.
Cerca de 500 mulheres, organizadas no MST, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento Estadual de Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas (CETA) e Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) participam do encontro para debater as pautas e os desafios das mulheres trabalhadoras rurais.
O primeiro espaço da plenária foi uma mesa de saudação composta por mulheres representantes dos movimentos sociais de luta pela terra, além da presença da CESE, da Marcha Mundial das Mulheres, Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e da Oposição Operária.
As mulheres colocaram as expectativas em relação ao Acampamento, ressaltando a luta e as conquistas fruto da organização das mulheres.
Debates

As militantes fizeram uma análise sobre a vida das mulheres camponesas nos últimos anos, ressaltando os desafios do enfrentamento ao agronegócio, que cresce no Brasil em detrimento da Reforma Agrária, que nos últimos anos retrocedeu.
Foi feita também uma reflexão sobre os impactos do modelo destrutivo do agronegócio, como a monocultura em grandes extensões de terra, uso de agrotóxico, controle e transgenia das sementes. Estes aspectos atingem diretamente as mulheres, que são 70% da população pobre em todo mundo.
Na Bahia existem aproximadamente 4 milhões de pessoas vivendo no campo e nas florestas, sendo o estado brasileiro com o maior número de camponesas e camponeses. As militantes reafirmaram o protagonismo das mulheres na agricultura e também na luta pelo direito de viver e se desenvolver no campo com qualidade e soberania.
No período da tarde, o tema da mesa foi “Autonomia das mulheres: avanços e desafios” e contou com a colaboração de Edileusa Silva do IRPA e Nólia, militante do CETA.
Neste espaço as companheiras explanaram o patriarcado e o machismo como sistemas de dominação e exploração do corpo, do trabalho e da vida das mulheres, que são aspectos fundamentais para a manutenção do capitalismo.
Edileusa enfatiza a importância da construção do feminismo socialista, como fundamental para transformação radical da sociedade.
Já Nólia ressaltou a importância das políticas públicas voltadas para a melhoria da vida dos camponeses e camponesas, assim como as políticas específicas para as mulheres, mas afirmou que são insuficientes e não promovem autonomia.
Outra questão levantada nas plenárias durante todo o dia foi a violência contra as mulheres, que no campo se materializa por três vias: a violência física, psicológica e moral por parte de maridos, companheiros, parceiros.
Para além do espaço familiar a violência do agronegócio também é ressaltada, já que estimula a divisão sexual do trabalho, a precariedade, o envenenamento da terra, das águas e do povo.
É dado como desafio encarar a violência machista como um problema político a ser enfrentado nas bases com as famílias camponesas.
Todas puderam discutir em pequenos grupos sobre as questões expostas e a plenária foi finalizada com sínteses trazidas pelas camponesas.
Mais uma vez, os debates reafirmaram o mês de março como um momento para intensificar a luta e o enfrentamento ao capital, ao agronegócio, ao machismo e todas as formas de opressão contra as mulheres da classe camponesa e trabalhadora.
Veja as fotos dos preparativos do XII Acampamento das Mulheres Trabalhadoras Rurais AQUI
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