Sem Terra estudam os desafios da Reforma Agrária Popular no baixo sul da Bahia


Cultivar, produzir, beneficiar, comercializar e alimentar o povo. Estes temas orientaram o 18º Encontro do MST na Regional Baixo Sul realizado entre os dias 04 e 06/12 no município de Ibirapitanga. 

Reunindo cerca de 350 trabalhadores Sem Terra de assentamentos e acampamentos da região, o encontro foi construído para fortalecer a mística e animação em torno da história dos 20 anos do Movimento na região, que será comemorado em 2017.

Neste ano, os estudos apontaram a Reforma Agrária Popular como uma resposta às necessidades da população brasileira do campo e da cidade, buscando aprofundar o debate em torno da democratização da terra e a construção de um projeto popular para o país.

Avaliando o atual sistema político Lucinéia Durães, da direção estadual do MST, diz que a burguesia se apropriou deste sistema através do financiamento privado de campanha, buscando jogar o peso da crise econômica, que ela mesma criou, sobre os ombros da classe trabalhadora, pressionando o governo sobretudo através do legislativo. 

“Por isso as conquistas sociais alcançadas nos governos de Lula e Dilma estão ameaçadas pela pauta burguesa e a tentativa de golpe, que ora corre no congresso, cumpriria a função de viabilizar o desmonte do estado”, explica Durães. 

Com isso, foi reafirmado a posição do MST contra a ruptura democrática, e pela manutenção das instituições que legitimam a voz do povo.

Produção, beneficiamento e abastecimento popular

Continuando com o processo de avaliação e planejamento para o ano de 2016, os trabalhadores reforçaram a importância de dialogar com a sociedade através das Feiras da Reforma Agrária, devido a relação direta que foi construída através dos alimentos saudáveis entre os trabalhadores do campo, que produzem, e os trabalhadores da cidade, que consomem.

“A feira fortalece o interesse da população por produtos agroecológicos produzidas na mata atlântica, como o palmito de pupunha, a graviola, o açaí e a banana”, afirma os trabalhadores.

Para isso, foram discutidas estratégias de fortalecimento da divulgação e comercialização dos produtos, visando a participação e a construção de novas feiras.

Outro ponto importante, foi a discussão em torno do beneficiamento dos produtos através da implantação das agroindústrias em áreas de reforma agrária. 


Para Davi Montenegro, da cooperativa regional dos Cacauicultores do Baixo Sul, a Coopercau, as agroindústrias são instrumentos que promovem o desenvolvimento local. 

“Com as agroindústrias estaremos criando novos postos de trabalho voltados à juventude, e ligadas às regiões que historicamente são produtoras de matérias primas", destacou. 

A Coopercau está contemplada no programa do Governo Federal que visa a construção de agroindústrias em áreas de Reforma Agrária. O programa titulado como Terra Forte viabiliza o processamento das amêndoas do cacau, sendo este, o principal produto da região, garantindo a produção de chocolates e achocolatados em pó. 

O movimento decidiu pelo fortalecimento da cooperativa como estratégia de avanço na produção, beneficiamento, comercialização e abastecimento popular.