“Não aceitamos o corte no orçamento destinado as políticas no Semiárido”, diz militante


“O povo está sendo massacrado pela Vale do Rio Doce e pela burguesia sanguinária que persegue o camponês”, denunciou Jaime Amorim, da direção nacional do MST, durante ato político realizado em Juazeiro, no norte da Bahia, em repudio aos cortes orçamentários do estado com relação as ações de convivência com o semiárido.

O ato aconteceu nesta terça-feira (17/11), as margens do Rio São Francisco, e contou com a participação de 30 mil trabalhadores, ligados ao MST, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Levante Popular da Juventude, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e diversas outras organizações populares do campo e da cidade.

“Semiárido Vivo, nenhum direito a menos” foi o lema que norteou toda mobilização organizada pela Articulação do Semiárido (ASA).

Em marcha pelas principais avenidas da cidade os trabalhadores reafirmaram a necessidade de ampliar os investimentos públicos e os programas sociais que garantem qualidade de vida a milhares de famílias que vivem no semiárido brasileiro.

Além disso, pautaram a revitalização do Rio São Francisco com urgência.


“Este ano houve uma grande redução no repasse dos recursos para esta área”, alertou Antônio Barbosa, da ASA.

Já Eliane, da Petraf, afirmou que os trabalhadores do campo não aceitam a falta de políticas públicas. “Estamos nas ruas porque a redução em mais de 50% no orçamento destinado as políticas públicas ao semiárido é um retrocesso nos direitos conquistados”.

As músicas, místicas, faixas e intervenções realizadas nas ruas, denunciaram estes cortes e pediam maiores investimentos às famílias que convivem dia a dia com a falta d’água. 

De acordo com Yuri, também da ASA, a mais de 500 anos de história foi negado o direito à terra, água e soberania alimentar para os povos, nos últimos anos esses direitos têm sido conquistados, pouco a pouco, com muitas lutas.

“Estamos aqui para dizer que queremos as políticas públicas para o campo. Por isso, é necessário que se faça luta por nossos direitos. Precisamos que de fato a classe trabalhadora adquira os recursos necessários para fortalecer agricultura familiar”, disse.

Compreendendo a importância das políticas e o acesso dos camponeses a elas, Jaime diz que “não podemos abrir mão da aposentadoria, do bolsa família, do carro pipa, das escolas do campo”. 

“Resistiremos e lutaremos contra este massacre”, enfatizou.


Além da Bahia e Pernambuco, estiveram representados os estados do Piauí, Ceará, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Maranhão, Rio Grande do Norte e Minas Gerais.

Após o ato foi construído um documento que deverá nortear as negociações com os diversos segmentos em torno das pautas centrais da mobilização.

*Fotos: Danilo de Souza