A identidade camponesa dá o tom à abertura do Encontro de Educadores na Bahia


Envolvidos num clima místico que pautava a terra como espaço de identidade de luta e cultural, cerca de 500 educadores e educadoras de assentamentos e acampamentos estão participando do 17º Encontro Estadual de Educadores do MST na Bahia. 

O encontro teve início nesta quarta (16/9) e possui uma programação de atividades pensada até a sexta-feira (19/9), tendo o auditório central da Universidade Estadual de Feira de Santana como espaço de discussões e encaminhamentos. 

A atividade propõe pensar a educação do campo a partir da realidade vivida nas áreas de Reforma Agrária, as possibilidades pedagógicas na construção de sujeitos críticos e preparar os participantes para o 2º Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (ENERA) que acontecerá entre os dias 21 e 25/9, em Luziânia, Goiás. 

No ato de abertura do encontro a educação do campo foi abordada como uma conquista da classe trabalhadora e que precisa ser fortalecida como um espaço de construção do saber, sem hierarquização ou negação dos sujeitos envolvidos.

Pensando nisto, algumas mesas de discussão realizaram analises críticas a partir da conjuntura política atual, apontando as contradições da educação brasileira, sem perder de vista as questões que envolvem a Reforma Agrária e a educação popular, pautada pelos educadores como método revolucionário.

De acordo com Vera Lúcia Barbosa, secretária de promoção e igualdade na Bahia, “estamos em lutas constantes contra a perca direitos conquistados pela classe trabalhadora e precisamos pensar a luta pela educação do campo como método pedagógico que precisa ser vista como objeto de luta trabalhada além de uma política pública, mas sim como direito dos camponeses”. 

Compreendendo o papel político e militante dos educadores, Gilvandete Evangelista, representante da Educação do Campo na Bahia, afirmou que “queremos uma educação que seja transformadora”. 

Mesa de abertura do Encontro
Educação do Campo. Direito nosso, dever do estado!

O projeto político de educação do campo, construído a partir da luta pela Reforma Agrária em nosso país é trabalhado como estratégia histórica que garanti a formação ideológica dos camponeses.

Alexandre, da direção nacional, destaca que a educação do campo no projeto popular de sociedade vai contra a lógica estabelecida pelo capital. 

“Nós não podemos pensar em outro projeto para o país se não for através de uma matriz popular. E isso acontecerá quando ocuparmos todos os espaços sociais para reescrever nossa teoria, acompanhada por práticas revolucionárias”, explicou. 

Já Celi Tafarel, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), acredita que a educação do campo, diante do cenário de luta atual, possui quatro grandes desafios. “Precisamos construir nossa educação a partir de uma consistente base teórica, consciência de classe, formação política e organização revolucionária”.


Para Evanildo Costa, da direção estadual do MST, todo o corpo do movimento precisa assumir o desafio de realizar diversos espaços de formação política, seja com os educadores, as mulheres ou com a juventude. 

“Todos os dias é dia de formação e ocupação de terra. Precisamos construir sujeitos militantes que possuem uma identidade de classe trabalhada na luta contra o machismo, racismo e homofobia, tendo em vista a liberdade política dos sujeitos. Nós precisamos continuar construindo o MST e fazer de nossos princípios e valores a base revolucionária que efetivará a Reforma Agrária Popular em nosso país”, enfatizou Costa.