Juventude Sem Terra faz da formação uma ferramenta de luta contra a ofensiva do capital


Trabalhando com a perspectiva que a juventude é a base revolucionária contra ofensiva do capital, o MST reuniu entre os dias 17 e 20/6 cerca 200 jovens durante o 2º Encontro da Juventude da Brigada Maria Zilda no Assentamento Lagoa do Caldeirão, localizado em Vitória da Conquista.

O encontro contou a participação da juventude Sem Terra dos assentamentos da região para estudar a organicidade do MST, a PL 171 que prevê a redução da maior idade penal, as políticas públicas para juventude do campo e a diversidade das relações de gênero. 

Para nortear estes debates, a juventude participou de oficinas, palestras, rodas de conversa, noites culturais e diversas místicas. 

Ampliando as discussões foi construido espaços de laser para envolver a juventude como forró da juventude, atividades de capoeira, beleza afro, pintura em telha e o campeonato de futebol masculino e feminino. 


De acordo com Maria Dulce, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Fábio Henrique e CEI Chapadão, o espaço foi construído a partir das demandas levantadas no primeiro encontro de jovens da escola e através de entrevistas com os jovens dos assentamentos. 

“O nosso encontro é resultado de um trabalho realizado entre a direção do MST e a Escola Fábio Henrique que trabalhou coletivamente com a juventude das comunidades para garantir atividades no campo da formação política e artística, com ênfase na conjuntura política atual”, explica Dulce.



Redução Não é a Solução

Um dos temas que houve participação de toda juventude foi o debate em torno do Projeto de Lei (PL) que prevê a redução da maior idade penal. 

Alexandre Xandó, militante do Levante Popular da Juventude e mediador do espaço, propôs diversas reflexões, trouxe dados importantes sobre o processo da redução e enfatizou o publico social que será afetado com a provação da PL.

“Existem dados que os veículos de comunicação não mostram. Apenas 1% do homicídios hoje no Brasil são cometidos por um menor e 70% das pessoas que foram presas retornam a cometer crimes. O modelo penitenciário brasileiro não cumpri sua função. Se colocarmos crianças e adolescentes nas cadeias estaremos inserindo estes jovens em grandes escolas do crime”, destaca Xandó. 

Compreendendo a importância da organização popular da juventude contra este cenário, Elisangela Souza, do setor de juventude da brigada, afirma que “os jovens negros estão morrendo nas periferias e não existem políticas públicas de inclusão educativas e artísticas. A redução da maior idade vai encarcerar os jovens da classe trabalhadora e nós do campo precisamos nos organizar para fortalecer a luta contra este projeto de lei”.

Xandó acredita ainda, que o processo ideológico na sociedade que a gente vive é tão perverso que na maioria das vezes é o próprio oprimido que reproduz a opressão. “Nossa juventude precisa saber que elas serão as mais atingidas com aprovação deste projeto de lei. Precisamos nos fortalecer para realizar uma disputa ideológica compreendendo que este tema é massacrado pela mídia hegemônica”, conclui.

Diversidade de Gênero

Outro tema que provocou diversos debates foi às questões em torno da diversidade de gênero e a luta contra o modelo patriarcal de sociedade que reproduz violências machistas e homofóbicas.

Tendo como base algumas músicas, poemas e vídeos o espaço propôs contextualizar a origem do patriarcado, que garanti poder e autonomia do homem para com a mulher.  Além disso, descrimina qualquer postura ou identidade de gênero que se aproxima ou se identifica com o feminino. 

Para Wesley Lima, da direção estadual do MST, “o modelo capitalista de sociedade não respeita a diversidade e as ofensivas contra as identidades de gênero é um mecanismo de controle social reafirmado por diversos setores conservadores”. 

“Nossa juventude precisa entender o papel revolucionário que possuem. A luta contra todo tipo de violência precisa ser protagonizada a partir da unidade da classe trabalhadora e nós, jovens Sem Terra, temos este grande desafio pela frente”, conclui Lima. 



Avaliações e Calendário 

No final do Encontro foi possível realizar uma grande avaliação das atividades formativas e construir um calendário de formação política.

Uma das metas é a participação dos jovens no Encontro Regional da Juventude Sem Terra do Sudoeste Baiano que acontecerá em dezembro, reunindo cerca de 800 pessoas. 

Tatiane Lima, do Assentamento Mutum, participou de todo encontro e declara que as palestras, temas e linguagens escolhidas dialogam com nossa juventude que por muitas vezes está dispersa  nas comunidades.

“É necessário construir mais espaços como estes. O tempo foi pouco diante de tanta coisa nova que aprendemos. Acho que o maior desafio agora é fazer com que este aprendizado seja passado para juventude que não está aqui”, enfatiza.

O encontro foi uma iniciativa da direção do MST em parceria com o setor de juventude, de educação e da Escola Fábio Henrique, contando com o apoio do Levante Popular da Juventude, do mandato do Vereador Júlio Norato e da Prefeitura de Vitória da Conquista através do setor Estação Jovem.