Semiárido nordestino é tema de debate para Coordenação Nacional do MST

Por Wesley Lima
Mística

Analisar a conjuntura agrária no Brasil, criar mecanismo de luta unitária e fortalecer o processo de organicidade produtiva das famílias assentadas e acampadas em todo o nordeste, são desafios encarados dia a dia pelo MST.

Foi pensando nestas questões que a coordenação nacional nordeste se reuniu em Juazeiro na Bahia entre os dias 15 e 17 desta ultima semana, para construir coletivamente uma linha de planejamento que proponha o avanço da luta pela terra em toda a região.

Estiveram presentes 100 companheiros e companheiras de oito estados nordestinos.

A reunião foi construída a partir de demandas especificas que se correlacionam com os problemas enfrentados por diversas famílias residentes no semiárido nordestino, com ênfase na organicidade política e produtiva.


Para contribuir com os espaços de debate, Moacir do Instituto da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA) com atuação na região do Vale de São Francisco, trouxe reflexões a cerca dos modelos apropriados pelo trabalhador rural para conviver com o semiárido, compreendo a escassez de água por conta das longas estiagens.

A princípio Moacir problematiza a contribuição do governo diante da realidade produtiva do semiárido. Ele afirma que “a maioria dos estados possuem políticas públicas de acordo com o clima local, porém os situados na região semiárida, até então não possui nenhuma política agrícola”.

Moacir (IRPAA)
 “Mais de 1.300 municípios vivem no semiárido brasileiro. Precisamos pensar e imaginar o que pode ser feito para melhorar nossa convivência com a seca e enfim, transformar essas ideias em práticas”, enfatiza.

Reforma Agrária Popular

O contexto agrário em que se encontra o semiárido nordestino se problematiza diante de questões pontuais e que abarcando o debate em torno da Reforma Agrária Popular, protagoniza a participação do camponês.

De acordo com Neuri Rosseto da coordenação nacional do MST, é preciso fortalecer as relações existentes entre a terra e o trabalhador, percebendo que aquele espaço de trabalho não constitui apenas o ideal da sobrevivência, mas sim a construção de uma identidade camponesa capaz de criar laços de convivência com o meio ambiente.

Este aspecto que está intimamente vinculado com um debate popular a respeito da Reforma Agrária enfatiza as questões produtivas e fomenta novas relações agroecologicas, dadas como um ideal.

Para além desta questão, Neuri compreende que “é preciso construir uma lógica produtiva com a propriedade da terra, quebrando o poder político de quem domina e dialogando com a sociedade, sendo respaldado pelo processo organizacional dos assentamentos e acampamentos”.

“Precisamos construir novas relações com o meio ambiente, lutar pela democratização da terra, produzir alimentos saudáveis e avançar no debate nas áreas conquistadas” conclui.


Apropriando-se do debate em torno do processo de formação social, baseando numa multiplicidade de realidades produtivas, a Reforma Agrária Popular é dada como solução para repensar as relações sociais existentes hoje.

Desafios

Os três dias de encontro propuseram diante das questões debatidas e refletidas uma analise teórica e prática da realidade produtiva e política do semiárido nordestino.

Rosseto elencou quatro desafios para os participantes do encontro, “torna-se necessário hoje mediar a construção de uma nova sociedade, acumular forças, dialogar e influenciar outros setores da sociedade à perspectiva revolucionária e por fim, fortalecer e qualificar a democracia interna”.

Tendo todos estes aspectos como base reflexiva deste encontro, a proposta final é qualificar e fortalecer a luta pela terra no semiárido investindo em capacitação produtiva.