Após Marcha, Sem Terra obtém respostas positivas do Governo



Nesta ultima terça-feira (17) os 6 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra chegaram a Salvador e ocuparam o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Centro Administrativo da Bahia (CAB). 

Em seguida participaram de uma Assembléia na Governadoria do Estado com respostas positivas a pauta de reivindicação.

Este momento culmina a Marcha Estadual do MST realizada de Feira de Santana a Salvador que percorreu cerca de 116 km.

A marcha saiu nesta ultima segunda-feira (09) e cumpriu o objetivo de estabelecer um dialogo com a sociedade sobre a Reforma Agrária e denunciar às contradições do agronegócio, assim como, a violência contra a mulher e o capital.

De acordo com Glória Barbosa do Assentamento Lulão esta marcha é um avanço na organização do Movimento e debate social sobre a Reforma Agrária. 

“Muitas pendências existem. Nossos projetos dependem do estado e isso é um problema. Outra questão é a desapropriação de terra que está travada em nosso país. Esta marcha simboliza para mim a unidade que queremos construir e o fortalecimento da Reforma Agrária”, explica Glória.

Pauta e Negociações

No inicio da marcha o MST entregou uma pauta de reivindicação pontuando a questão da terra, assistência técnica, crédito, educação, projetos e financiamento para atividades com as mulheres e jovens.

Além disso, o documento questionava a morosidade da justiça referente o assassinato do militante Fábio Santos que completa em abril dois anos de impunidade. 




Foram necessárias três reuniões com o Governador Rui Costa (PT – BA) e sua Assessoria para obter um consenso entre aquilo que se reivindicava e as propostas de resoluções dadas por essas representações.

Porém, o MST no estado avalia de maneira positiva as negociações tendo em vista que em 98% dos pontos reivindicados houve uma sinalização positiva.

De acordo Elizabeth Rocha da direção nacional este momento é histórico para o MST. “Nossa luta tem o papel de cobrar e estreitar as relações com o governo afim de pautar e conquistar direitos para toda classe trabalhadora. Nós, conseguimos isso”. 

Ela afirma também, que um dos compromissos assumidos pelo governo que trará mudanças significativas na luta e organização dos trabalhadores será o acesso as políticas e programas que dialogam com a participação das mulheres e da juventude na gestão política e econômica dos Assentamentos e Acampamentos. 

Já Marcio Matos, também da direção nacional, enfatiza que o MST iniciou um novo ciclo no debate agrário baiano por conta das sinalizações positivas.

“Este ano, preparamos uma pauta de reivindicação para que pudéssemos dialogar com o Governo. Nesta negociação estabelecemos prioridades e nossas demandas são estratégias para o desenvolvimento social da Agricultura Camponesa garantindo sua soberania. Nossa vitória foi o compromisso assumido pelo governador com nossa pauta e isso se respalda na construção de uma Reforma Agrária capaz de garantir desenvolvimento ao trabalhador rural”, conclui.


Governador Rui Costa (PT - BA)
Traçando uma linha histórica tendo como base o desenvolvimento social, o Governador Rui Costa afirma que “a história nega a participação do povo na construção de sua identidade e de seu direito a lutar. Queremos mudar esta realidade e para construir isso, precisamos caminhar juntos”.

Após Assembléia e a sinalização positiva do Governo referente a pauta, os trabalhadores retornaram a seus Assentamentos e Acampamento com o desafio de continuar da luta e fazer no mês de abril a maior jornada de ocupações de terra da Bahia.