Por Wesley Lima
Apontando como principais desafios o estudo, a organização e a luta continua, 500 mulheres Sem Terra de oito regiões da Bahia se reuniram neste ultimo final de semana (5 a 7) no Seminário de Integração, Culminância e Avaliação do Projeto de Capacitação de Mulheres Assentadas e Acampadas no estado da Bahia para o acesso a Políticas Públicas em São Gonçalo dos Campos, recôncavo baiano.
O seminário foi construído para avaliar o processo de formação e capacitação que aconteceu durante quatro meses, proporcionando a troca de experiências e a exposição de produtos confeccionados pelas trabalhadoras nos assentamentos e acampamentos.
Tendo como base a organização coletiva para o acesso as políticas públicas do estado, o evento culmina atividades de formação realizadas em oficinas que contou com a participação de 400 mulheres em todo estado.
Durante as oficinas foi discutido o papel e a história da mulher na sociedade, a organização e as políticas publicas que existem neste campo, compreendendo o processo de luta, emancipação e a construção da autonomia feminina.
Atividades de Integração
O encontro foi marcado pelas místicas que sempre traziam reflexões sobre os desafios da mulher na sociedade, a construção de sua autonomia, o combate a violência e o fortalecimento da identidade quanto classe trabalhadora.
Houve também, uma noite cultural que fomentou mais uma vez os aspectos da mulher e fortaleceu a unidade.
Para Genilda Alves do Assentamento Vale da Conquista em Sobradinho (BA), “o seminário foi uma ferramenta importante para a organização das mulheres. Em nossas casas somos vítimas do machismo e aqui estamos aprendendo o valor que temos diante da luta do povo e principalmente, que juntas poderemos mudar a realidade social”.
Políticas Públicas
As primeiras mesas de debate analisaram o processo histórico e as questões políticas da atualidade.
Renata Rossi, do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) questiona o modelo social vigente e no âmbito das políticas públicas compreende que o processo eleitoral deste ano foi fundamental para se perceber quem o estado vai beneficiar através de ações sociais.
“A reeleição de Dilma Rousseff simboliza a continuidade de um governo que consegue abraçar e dialogar com os diversos setores da sociedade, inclusive com as bandeiras de luta defendidas pelas mulheres organizadas. Estamos tendo muitos avanços e nosso debate referente da autonomia e o combate a violência nunca foi discutido como está sendo”, enfatiza Renata.
Para Ela, sempre houve uma cultura de responsabilizar a mulher pela violência que sofre e possuir acesso a uma ou mais políticas, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar voltado ao publico feminino e a Lei Maria da Penha, significa que as trabalhadoras estão protagonizando sua luta diante da história.
Desafios
O percurso trilhado pelas trabalhadoras é composto por diversos desafios que garantem conquistas significativas.
Maria Rosa da Direção Estadual do MST acredita que o primeiro desafio é desenhar ações que visem organizar, cumprindo etapas importantes como a mobilização e formação.
“Precisamos avançar em nosso debate e nos propor realizar mudanças. Temos muitos espaços, como nossas lutas quanto MST. Devemos aproveitar isso para protagonizarmos nossas bandeiras e nos empoderar identitáriamente quanto Mulher Sem Terra”, afirma Rosa.
Encaminhamentos
As mulheres saíram do seminário com o objetivo de fortalecer e mobilizar outras trabalhadoras à se organizar, assim como, construir coletivamente ações pontuais que garantam melhorias estruturais para todas.
É proposto que iniciem o processo de organização dos núcleos de mulheres em todos os Assentamentos e Acampamentos da Bahia, visando à construção de associações.
Foi acordada também, a consolidação de espaços contínuos de formação em cada região e um acampamento estadual para relatar os avanços e construir linhas políticas de atuação.
O seminário foi uma iniciativa do MST em parceria com a SPM, Companhia de Ação Regional (CAR) e a Fundação Juazeirense para o Desenvolvimento Científico, Tecnológico, Econômico, Sociocultural e Ambiental (Fundesf).
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